A religião

O Candomblé, com seus batuques e danças, é uma festa. Com suas divindades geniosas, é a religião afro-brasileira mais influente do país. Fotografar uma festa de Candomblé não é tão fácil, em alguns terreiros por exemplo, é absolutamente proibido. Mas minha história com o Candomblé teve início há aproximadamente 10 anos e hoje conquistei a autorização para divulgar algumas fotografias das cerimônias que participo. E eu, estou entre milhôes de brasileiros que respeitam o Candomblé e adoram os Orixás.

Rituais religiosos: uma fotógrafa de alma roubada

Por Simone Santos

Fotografar rituais religiosos não é uma tarefa fácil. A fotógrafa Rose Parra faz isso há pelo menos 10 anos. Os índios costumam dizer que a fotografia rouba a alma da pessoa; e por este motivo não se deixam fotografar. No caso do candomblé ou da umbanda – paixão da fotógrafa Rose Parra -- é preciso subverter a frase: o ritual é que rouba a alma da fotógrafa.

Tudo porque ela se entrega de corpo e, principalmente, alma na tarefa de registrar os rituais, as crenças, os seguidores e os orixás que estampam suas fotos. Rose Parra deita, estica, agacha e se atira no ato de fotografar os rituais mágicos das crenças afro-brasileiras.

A alma de Rose Parra é quem se deixa levar! Suas fotos retratam as roças, como são chamados os locais em que os rituais acontecem; a gira, composta por uma ‘roda’ que envolve dezenas de pessoas utilizando roupas compostas por saias imensas, muitos adereços e peças ritualísticas; o pai (ou mãe) de santo e seus filhos.

O santo nasce, faz sete anos, 14, 21... E os orixás mostram num corpo humano o que não se explica. Os seguidores cantam, dançam, são barulhentos. O candomblé é mesmo uma festa!

Há quem fotografe por dinheiro. Rose não. Há quem se embrenhe pelos rituais do candomblé e da umbanda por curiosidade. Rose não. Há quem tenha medo, mas Rose buscou a história e a origem destas crenças para afastar o medo, trocando-o por respeito.

Especialista em fotojornalismo, Rose trabalhou quase 20 anos em editorias como polícia, cidades, cultura, esportes e política. Até hoje é conhecida no interior de São Paulo por fotografar grandes tragédias, como assassinatos, enforcamentos e acidentes de trânsito.

Nos últimos anos, tem se especializado em webjornalismo. Os rituais religiosos, no entanto, surgiram há mais de uma década, quase como um hobby.

Nos terreiros, Rose foi chegando com respeito e dedicação. Hoje, passado tanto tempo, acaba deixando ali, um pouco da sua alma, que reaparece dando cor e sabor às suas fotos.

Fotografar rituais religiosos não é tarefa fácil! Mas Rose Parra tem conseguido esta permissão. Dos homens e dos deuses! O pacto é simples: ela faz com a alma e com o coração e em troca, nos presenteia com fotos cheias de magia.

Após uma longa trajetória por estes rituais, é possível arriscar porque a fotógrafa é aceita e respeitada nos terreiros em que pisa: Rose Parra é uma fotógrafa de alma roubada. E de axé!